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Num artigo publicado num suplemento
Negócios & Estratégia do Jornal de Negócios, no dia 5/11/2002, escrito por João António Tavares, pode ler-se:
[…] «Independentemente da
análise dos níveis de progresso nacionais, que conduz normalmente a uma
discussão do tipo “garrafa meia vazia”
ou “garrafa meia cheia”» […]
Esta expressão metafórica
(grifada a negrito), plena de força argumentativa, entrou na moda discursiva
nas últimas três décadas e continua a merecer a preferência dos melhores
oradores. Até aí, nada a comentar. E estaria tudo bem, não fosse o uso
incorreto da palavra “meio”. Trata-se de um adjetivo adverbiado e, como tal, tem
de submeter-se às limitações morfológicas dos demais advérbios, sendo umas das
quais a ausência de flexão em género.
Assim, estarão corretas as frases
seguintes:
A garrafa está meio cheia.
A garrafa está meio vazia.
As garrafas estão meio cheias.
As garrafas estão meio vazias.
Claro que nada impede ninguém de
se dirigir a uma casa de pasto e pedir meia
garrafa de vinho tinto para acompanhar uma boa posta de bacalhau frito. A botelha
virá para a mesa com a sua capacidade ocupada pela metade. No entanto, isso em
nada contradiz o que antes referi, pois, neste caso, “meia” ocorre como
adjetivo e pode assumir o género feminino, como todos os adjetivos que se
prezem.
Esta tendência de flexionar o
advérbio “meio” tornou-se irresistível e, por isso, muitos são os que tombam
nessa tentação.
Vejamos mais um exemplo, agora
retirado do jornal Público (edição online),
do dia 12/06/2005, da autoria de Mário Mesquita:
[…] «Alguém perguntou: que fará Serge Dassault se existirem, nas
publicações do seu grupo, jornalistas que só apreciam "metade" das
suas ideias higiénicas? Olhará para a garrafa meia cheia ou meia vazia?»
[…]
Bom, por hoje é tudo, pois a minha cabeça
está meio cansada.
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